Talvez uma das questões mais existenciais da mulher moderna é: Qual o momento certo para ser mãe? A busca pela melhor educação, ascensão laboral e vida pessoal fazem com que a maternidade pareça algo longínquo. E isto é um problema: o tempo para mulher é ouro. A nossa sociedade moderna não levou em consideração que a função reprodutiva feminina é finita. A mulher nasce com um certo número de óvulos (estima-se 6 a 20 milhões) e quando da 1ª menstruação (menarca) já são 400 mil óvulos. Em cada ciclo menstrual mil óvulos são recrutados e apenas um ovulado. Os demais são destruídos o que torna esta reserva limitada a um período da vida da mulher (menacme) e termina perto dos 50 anos com a menopausa.
Os países mais desenvolvidos tem apresentado uma mudança da idade em que a mulher engravida. Cada vez mais tardia. A realidade brasileira não difere muito. As brasileiras também estão seguindo esta tendência. Essa é a conclusão do estudo “Saúde Brasil”. De acordo com a pesquisa, o percentual de mães nessa faixa etária passou de 22,5% em 2000 para 30,2% em 2012. A pesquisa apontou ainda que, quanto maior a escolaridade, maior a idade da mulher ao ter o primeiro filho. O ápice reprodutivo é ao redor dos 25 anos e mantém-se estável até os 35 anos. A partir desta idade, notamos uma redução nas chances de engravidar, que se acompanha de maiores riscos de abortos, síndromes genéticas e malformações. Uma alternativa para muitas mulheres seria o congelamento de óvulos que pode preserva um momento da vida reprodutiva da mulher e permitir o seu uso no futuro. Que neste caso também é uma saída para mulheres que precisam de quimioterapia para tratar um câncer.
O procedimento segue o rito natural de uma Fertilização in vitro. Ou seja, há uma indução ovariana para buscar mais óvulos (máximo possível) e é realizado a retirada desses via punção transvaginal sob anestesia. Um processo idêntico de uma fertilização in vitro (FIV). Existem riscos inerentes ao procedimento, mas estes não devem ser uma barreira. Quanto mais óvulos forem congelado, maiores são as chances de sucesso futuro, já que o congelamento de óvulos não garante uma gestação, mas uma boa tentativa. Recentemente um site apresenta de forma numérica essa premissa (Acessar Calculadora) e isto tem ajudado muitas candidatas a entender que o número de óvulos pode ser determinante para otimizar as chances de uma gravidez no futuro. Exemplo: uma mulher de 35 anos salta de 29% para 54% as chances de sucesso se congelar 15 ao invés de 8 óvulos!
Existe a possibilidade de congelar tecido ovariano que é indicado para crianças que pré-púberes, ou pacientes adultas que irão se submeter a tratamento quimioterápico ou radioterápico (neste caso ainda se pode fazer a transposição dos ovários para longe da ação dos raios terapêuticos). Ainda é uma opção que oferece pequenas taxas de sucesso, mas pode ser indicada quando não houver outra alternativa mais adequada.
É interessante ressaltar que não há um prazo para uso desses material. A mulher pode decidir que o seu tempo de maternidade chegou com muita tranquilidade. Talvez a mensagem final é: equilíbrio sempre. A medicina reprodutiva está aqui para fazer a parte dela, mas planejar a maternidade, evitando as complicações advindas com a idade é uma opção pessoal. Não perca tempo.