Diabetes gestacional é um tipo de diabetes que aparece quando a mulher engravida. É um dos problemas mais comuns investigados pelos médicos durante a gravidez. Normalmente, entre a semana 24 e 28 de gestação, eles pedem que a gestante faça o exame de glicemia de jejum. Isso porque quanto antes se identificar o problema ou os riscos dele ocorrer, mais fácil é para o controle.
Nos post de hoje, você vai saber sobre sintomas, complicações e tratamentos de diabetes gestacional. O texto é do nosso colunista, o Dr. Vamberto Maia Filho. Confira!
DIABETES GESTACIONAL
Durante o pré-natal, a principal função do obstetra é ficar atento aos possíveis problemas que possam atrapalhar, ou mesmo prejudicar, a gravidez. E um dos grandes desafios é o diagnóstico da Diabetes Mellitus Gestacional (DMG).
A DMG pode acontecer porque, durante a gravidez, ocorre o aumento fisiológico na produção de uma série de hormônios maternos, que são importantes para o crescimento adequado e para o desenvolvimento do bebe e manutenção da gestação.
Os hormônios produzidos pela placenta e pela gestante, como o hormônio lactogênio placentário, o cortisol e a prolactina, trabalham para disponibilizar mais energia (glicose) circulante. Em contrapartida, a produção pancreática materna de insulina também precisa aumentar, na mesma proporção, para evitar o excesso de glicose no sangue materno.
A insulina é responsável por mobilizar a glicose do sangue para dentro das células. O diabetes, na gestação, surge quando o pâncreas materno não consegue aumentar a produção de insulina e a glicose fica acumulada no sangue da mãe.
Isso acontece principalmente no terceiro trimestre de gravidez e, normalmente, desaparece depois do parto. A incidência de DMG é de 15% a 20%, variando de acordo com a população estudada e com os critérios diagnósticos utilizados.
Sintomas, complicações e tratamentos
A maioria dos casos de DMG não leva ao aparecimento de sinais ou sintomas muito claros na grávida. No entanto, em alguns casos mais severos, pode ser notado aumento do apetite, ganho de peso, maior vontade para urinar, visão turva, aumento da sede e infecções urinárias ou fúngicas frequentes.
Devido aos poucos sintomas, o exame dos níveis de glicose devem ser realizados de forma rotineira ao longo do pré-natal. Já na primeira consulta de pré-natal, deve-se pesquisar o diabetes através da solicitação da glicemia de jejum.
Caso a glicemia seja inferior a 92 mg/dl, o rastreio é considerado negativo. Posteriormente, um segundo exame deve ser feito após a 24ª semana de gestação, com a curva glicêmica com 75g de dextrosol para verificar os níveis de glicose ao longo do tempo. Este é o principal exame para rastreio da DMG.
A DMG é mais frequente em gestações gemelares, mulheres acima dos 35 anos, com sobrepeso ou obesidade, baixa estatura ou portadoras da síndrome do ovário policístico. Esse grupo merece maior atenção durante a gestação.
O tratamento da DMG é muito importante tanto para o feto quanto para a gestante. As principais complicações fetais são a prematuridade, a icterícia, o desconforto respiratório, o distúrbio eletrolítico, a hipoglicemia, a convulsão e o óbito fetal intra-útero.
A mãe pode apresentar pré-eclâmpsia, hipertensão arterial, ganho de peso e, em até 65%, em 20 anos, pode se tornar diabética tipo 2. O tratamento para a DMG sempre tem início com a mudança dos hábitos alimentares e com a prática de atividade física, para que os níveis de glicose no sangue fiquem controlados.
Nesse sentido, nutricionistas e endocrinologistas devem fazer parte do grupo multidisciplinar que atua junto ao obstetra. A melhor maneira de avaliar de forma contínua e ativa a glicemia é fazer a medição em jejum e após as refeições principais, por meio de uma gota de sangue e aparelhos específicos. Apesar de desconfortável, é necessário.
Quando as medidas paliativas não surtem efeito, está indicado o uso de insulina. Os hipoglicemiantes orais não são a melhor opção e a maioria deles são contra-indicados, por passarem para o bebe através da placenta.