Falência ovariana prematura é quando os ovários param de realizar sua função antes dos 40 anos. Por se tratar de um processo complexo hoje tem se optado por chamar falência ovariana prematura de insuficiência ovariana prematura (IOP). Os ovários não produzem óvulos, na verdade os óvulos estão com cada mulher desde o nascimento. Os números oscilam bastante, mas acreditasse que cada mulheres nasce com um número finito que varia de 8 a 20 milhões de óvulos produzidos até o 5º mês de vida intrauterina. Ao nascer, o processo de perda ovular já foi iniciado e nessa época já seriam 4 milhões de óvulos até que na puberdade chegassem a 400 mil. A cada menstruação cerca de 1.000 óvulos são recrutados (selecionados), mas apenas 1 é ovulado, os demais sofrem apoptose, ou seja, são destruídos naturalmente. O processo é natural, programado e independe de ter ou não ocorrido à ovulação, gestação ou uso de medicamentos que evitem a ovulação, como por exemplo, pílula anticoncepcional. Dessa forma, ao final de cerca de 400 ciclos, restam poucos óvulos e a mulher entra na menopausa.
A menopausa ocorre por volta dos 50 anos de idade e não ocorre repentinamente. O processo pode demorar alguns anos onde muitas vezes a mulher continua a menstruar, mas com óvulos de pior qualidade e em menor quantidade no recrutamento. O resultado são ciclos irregulares longos e depois curtos, volume menstrual irregular e finalmente a suspensão da menstruação. No caso da IOP os mesmos eventos estão presentes, mas em uma idade abaixo dos 40 anos. Além das alterações dos ciclos outros sintomas também fazem parte do quadro: secura e irritação vaginais, fogachos (calores), dor nas relações sexuais e ardor na vulva entre outros.
O diagnostico geralmente é muito claro dado a clinica que a mulher apresenta. Ao se colher a historia e detecção dos sintomas fica mais evidente o quadro. Existem algumas causas mais comuns: Síndrome de Turner é bastante clássica e se apresenta com características clinicas bem precisas e de inicio bastante cedo; a síndrome do X Frágil menos comum; muito comum em concomitância de problemas autoimunes já que a presença de auto anticorpos pode desencadear fatores que agridam o próprio ovário levando a perda precoce dos óvulos; e após cirurgias mais agressivas onde há perda excessiva de tecido ovariano comuns em cirurgias por endometriose e tumores; em consequência e terapêutica adjuvante de câncer com quimioterapia e radiação também podem acarretam IOP em mulheres jovens.
Um dos exames mais simples e conclusivos para o diagnostico de IOP é a dosagem do hormônio folículo-estimulante (FSH) da mulher no sangue. Resultados muito elevados (maior do que 40 UI/L) fecham o diagnostico e são bem fáceis de serem colhidos. O hormônio antimulleriano pode ser outra forma de avaliar a reserva ovariana, assim como a dosagem da Inibina B, mas para IOP o FSH é mais fácil e direto no diagnostico. Outros exames podem auxiliar na investigação: hormônios, ultrassom e eventualmente ate biopsias ovarianas.
Algumas vezes nos deparamos com o quadro sendo estabelecido, ou seja, o processo de diminuição da reserva ovariana iniciou e há tempo para tratamento de infertilidade. Quando isso acontece compete ao medico explicar bem o que esta acontecendo de forma segura, pois nossa primeira resposta é não acreditar e isso pode eliminar as chances e uma gravidez. Nesse caso o caminho natural é a FIV com congelamento de óvulos, congelamento de embriões ou mesmo antecipar os planos de uma gestação. Cada caso deve ser individualizado.
Quando já foi estabelecido a IOP o caminho deve ser por usar óvulos doados. Nesse caso o casal deve entender o processo e se sentir seguro. Atualmente é um modelo de tratamento muito procurado devido à mudança de comportamento da mulher em deixar a maternidade mais para frente e com isso ocorrem mais problemas de infertilidade. A recepção de óvulos doados é um tratamento bastante exitoso ao qual tenho muito carinho em fazer.
AVALIAÇÃO DA RESERVA OVARIANA:
- FSH: Ideal menor que 10 UI/L
- AMH: Ideal maior que 1,2 ng/dL
- Contagem de Folículos Antrais (CFA) – Contagem de folículos no ovário. Ideal maior que 8 folículos.