A Síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma endocrinopatia caracterizada por alterações hormonais que leva à formação de cistos nos ovários, aumento do volume ovariano e aumento de androgênios (hormônios masculinos) com inicio geralmente na puberdade. A SOP é a principal causa de anovulação (falta de ovulação) crônica e representa cerca de 30% dos casos de infertilidade conjugal e cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. A causa da SOP ainda permanece incerta.
Os sintomas podem variar entre as mulheres, porém os mais comuns são: ciclos irregulares pela ovulação irregular, acne, seborreia (maior oleosidade da pele), aumento de pelos, resistência insulínica e dificuldade para engravidar. Comumente associado a síndrome metabólica com obesidade, dislipidemias e aumento da glicemia o que favorece ao surgimento de problemas cardiovasculares, câncer endometrial e do diabetes (tipo 2).
O DIAGNOSTICO HOJE É FEITO UTILIZANDO-SE OS CRITÉRIOS DE ROTTERDAM (ABALIZADOS PELA ESHRE/ ASRM). A SOP É CONFIRMADA PELA PRESENÇA DE 2 DOS 3 CRITÉRIOS A SEGUIR DESCRITOS:
1. Irregularidade menstrual (oligomenorréia e/ou anovulação);
2. Sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo, excluindo outras etiologias de hiperandrogenismo como hiperplasia congênita adrenal, tumores secretores de androgênios, acromegalia, hiperprolactinemia e síndrome de Cushing;
3. Ovários policísticos caracterizados pelo exame ultrassonográfico padronizado, ou seja, presença de pelo menos um dos seguintes achados: 12 ou mais folículos medindo entre 2-9 mm de diâmetro ou volume ovariano aumentado (>10 cm3).
Apesar de importante o rastreio para diagnostico de resistência insulínica não é necessário para o diagnóstico de SOP, porém pode ser necessário para o tratamento de algumas pacientes. Mulheres obesas com SOP devem ser rastreadas para a síndrome metabólica, incluindo avaliação da intolerância à glicose por meio da realização do teste de tolerância oral à glicose (GTT).
Lembro que mesmo mulheres menstruando mensalmente podem ter a SOP e somente o fato de haver imagem multicística no ao ultrassom não caracterizam a síndrome.
Geralmente o quadro é bem controlado com uso de contraceptivos principalmente os com progestagênos antiandrogênicos, já que permitem uma normalização da menstruação e auxiliam na diminuição do hormônio masculino e seus sintomas. As queixas dermatológicas exigem tratamentos cosméticos. Como não há cura o tratamento será enquanto não houver desejo de engravidar.
Para as que desejarem engravidar a indução da ovulação. A medicação de escolha é o citrato de clomifeno e seu uso deve ser sempre acompanhado da monitorização ultrassonográfica da resposta ovariana, pois há sempre a possibilidade de uma resposta exagerada da ovulação (Síndrome de hiperestímulo ovariano – SHO). Em casos mal orientados pode ocorrer gravidez múltipla.
Em termos de tratamento sempre optar pelos de baixa complexidade. Se não houver contra indicação o coito programado (namoro programado) e a inseminação artificial intrauterina são boas opções.
Nos casos em que não houve resposta satisfatória a essas medicações, utiliza-se os hormônios injetáveis (FSH) para estimulação ovariana e o hCG para o disparo da ovulação. Eventualmente nesses casos partir para uma fertilização in vitro (FIV).
Ainda existe a opção cirúrgica que hoje é muito pouco utilizada pelas complicações (diminui reserva ovariana e causa aderências pélvicas).O procedimento é via videolaparoscopia e consiste em executar pequenos furos em todo córtex ovariano (drilling) com liberação do ambiente androgênico do ovário.